Batia uma brisa leve de outono da janela que dava direto
para a rua. Pensei que o dia ia ser difícil, mas foi suportável. Hoje eu estou
melhor que ontem. Tempos difíceis, preocupações familiares, com o meu futuro,
coisas das quais todo mundo passa, ou passará. Me chamo Desirre e hoje estou em
uma roda de conversa de um grupo de pessoas que ajudam as outras com problemas
psicológicos. É o grupo dos alcoólatras anônimos e eu participava desse grupo
para tratar desses assuntos, mas não meus assuntos, eu era assistente da minha
psicóloga. Víamos o resultados dos jovens melhorando e era
gratificando saber que contribuía de alguma forma, mas outros paravam de ir nas
sessões já faz um tempo e mentiam para seus pais e gastavam o dinheiro com
bebida. Diante disso, na verdade era eu precisaria de uma reabilitação do
coração, mas sei que nada é ruim pra sempre as coisas se equilibram. Será que
ele vai encontrar um caminho de volta para mim? Eu espero que consiga.
– Despreguiçar é tão bom!
Certa manhã acordo e me levanto da cama
abro a porta e de pijamas mesmo vou para a sala ligar a televisão. Percebo que
passava desenhos e deixo nesse canal, bocejo e coço o cabelo, pego meu celular
com uma cordinha colorida que balança e vejo as notificações. Vejo que uma das
notificações era uma chamada perdida e uma mensagem de uma pessoa desconhecida
a qual dizia que era um dos parentes do meu pai, dizia ser uma prima dele e que
conseguiu entrar em contato comigo. Na mensagem dizia o quando eu tinha
crescido e estava bonita. Ela pediu pra dizer que todos sentiam muita a falta
do meu pai. Nessa hora me veio na memória que na verdade eu não conhecia quase
ninguém da família por parte do meu pai. Nessa mensagem ainda dizia para ele retornar
a ligação e propôs marcarem um dia para irem viajar em um feriado para a casa
deles. Essa ideia me animava um pouco, mas me dava um pouco de preguiça ao
mesmo tempo.
Quando meu pai sai de seu quarto ele me dá um beijo na testa e me abraça, em
seguida falo da mensagem que tinha recebido. Talvez essa mensagem já estivesse
lá a algum tempo, mas só olhei hoje. Ele escuta com atenção e franze o cenho
com estranhamento, depois de um breve silencio.
Eu mostro a foto para ele.
– Ah, ta! É a Elizete.
– Ah, sua prima, eu já ouvi o senhor e a minha mãe falando dela.
Nesse momento a minha mãe chega na sala.
– Quanto tempo elas não entram em contato. O que elas falaram Desirre?
Perguntava minha mãe.
– Disseram que estavam com saudades.
– Acho que ta na hora de procura-los, Vinício, o que eles querem falar pode ser
importante. – Dizia minha mãe.
– Não quero procurar a minha família eles vão vim com aquele papo de novo lembrando
coisas do passado, agora implicando com meu emprego o melhor é evitar isso.
– Tenho que ir atender. Vou me arrumar beijos. Até mais tarde
Quando cheguei em casa estava morrendo de dor de cabeça e me escondendo atrás
de um casaco preto.
– Eu e sua mãe estávamos conversando e decidimos que vamos viajar esse final de
semana para casa dos meus familiares. Vai ser a primeira vez que sua mãe vai
conhecer eles também.
Tenho carregado uma carga de perder pessoas. Tem vezes que não quero levantar
da cama e perdi alguns quilos e agora não quero conhecer pessoas mais pra poder
perder de novo. Primeiro meus avós, depois meu namorado em um mesmo ano. Joguei
o ursinho e o anel pelo muro da casa dele depois de um tempo sem esperança de
voltarmos com ajuda da minha minha amiga e meus avós que faleceram os dois no
mesmo ano. Tem sido um processo reconstruir meu coração dia a dia. Eu me
lembrava você precisa tentar ser uma melhor pessoas todos os dias.
Na viagem percebo que estávamos
chegando.
Todos
sentavam à mesa para tomar café da manhã, coloco meu casaco atrás da cadeira e
me sento com pessoas que eu nunca vi, mas que pareciam receptivos. Eu sou
introvertida, porém brincalhona, porém sem assunto no início, principalmente,
dependendo do nível de proximidade, não gosto de falar coisas que não sei e nem
de coisas polemicas, mas me esforço para poder falar mais, ser mais sociável. Ficaríamos
por lá alguns dias, mas é recente ainda sinto saudade de Heitor. Lembro de
quando ele ficou com vergonha e eu pude ver o sangue subindo no seu rosto, suas
mãos exploravam meus dedos entre os seus e o nosso primeiro beijo foi, mas foi,
tão lindo. Um arrepio no coração. Quando eu disse eu já vou indo dormir amanhã
vou ter que acordar um menino dorminhoco ai para ir trabalhar e risos e a
palavras deliciosas de ouvir como eu te amo, tão doce que não precisava mais de
nenhum açúcar. Acho que consigo me despedir de você. Naquele momento em meus devaneios
em meio a conversas era uma mistura de emoções, não sabia se me sentia sozinha,
se sentia raiva, triste ou se me arrependia de não ter pedido de outro jeito pra
ele ficar, mas não posso me culpar por uma decisão que foi dele.
– Lembro dele pequeno. –Dizia me pai – e a Desirre brincava com ele.
Todos na mesa olhavam pra mim, outra primas, o amigo vizinho do meu pai.
– Sim. Eu lembro da gente criança
brincando. Nossa! que nostalgia lembro do Theo era um vizinho bem próximo daqui
da casa onde morávamos.
– Agora ele ta de plantão. Eles e a sua mãe ainda moram aqui, quer dizer só
mudaram de casa, mas o Theo ta um homem muito trabalhador. Depois eu vou na
casa da mãe dele ai você vem comigo Desirre. Dizia a prima Elizete.
– Desirre ta estudando para concurso público ela está no último período de
psicologia. Dizia meu pai orgulhoso. Meu pai se gabando de mim, mas eu preciso
me dedicar mais ao estudos de concurso. Desde a ultima vez meu namorado tomou a
decisão sobre não seguir adiante com o namoro por celular foi um dia antes da
minha prova, não consegui dormir essa noite e consequentemente não passei. Eu
pensei que seria uma briga normal de casais e não que ele iria reagir assim um
dia antes do concurso. Primeira vez que pude sentir a força de uma paixão e
sentia que ninguém no mundo me tratava melhor do que ele agora olhando para
trás vejo que foi algo passageiro para ele.
Em
meio aos pensamentos que afogavam meu coração sem entender o porque de tudo
isso ter acontecido eu começo a sentir uma falta de ar, todos na mesa pareciam
bem menos eu. Eu sentia que eu fazia força, puxava o ar e isso me deixava mais
zonza e a minha mão e rosto suavam frio. Quando olham pra mim e perguntam se eu
estava me sentindo bem. Até que eu levanto e digo que estou bem, mas tropeço e
torço o pé e desmaio.
Já no hospital meus pais ficaram do lado de fora enquanto estou repousando em
uma sala, com o pé enfaixado e esperando o resultados do exame. Fico surpreso
por quem batia na porta, uma atitude da qual eu não esperava. Era Heitor da
qual tinha uma expressão preocupada. Eu estava bagunçada, descabelada e quando
eu vi ele eu me escondi no meu casaco. Ele chega mais perto senta do meu lado
enquanto esperava ser atendida.
– Como você ta aqui?
– Pra falar a verdade seus pais me ligaram. Assim que soube e parece imediatamente
vim te ver.
Impressionante mesmo chateados com Heitor meus pais ligaram para ele avisando,
mas eu estou bem.
– Não quero me veja assim.
– Vamos brincar de esconde esconde, então mas eu vou te achar. – Ele continua
encarando meu rosto escondido no casaco – Você está bem?
– To bem! quer dizer sinto uma dor de cabeça, um pouco tonta.
– Vai ficar tudo bem. Eu to aqui sempre você que precisar.
Ai meu Deus será que tem alguma chance dele não lembrar desse dia? que me viu
assim?
Depois de tudo eu queria eu queria que ele me visse plena e bonita depois de
terminar comigo. Apesar de tudo ele veio correndo para me ver porque ele se
preocupa comigo?
– Não precisa se preocupar comigo eu to bem.
– Mas é claro! Eu me importo.
Nesse momento não estava zangada, ao ouvir sua voz não
parecia que aquele atmosfera de coisas ruins estava acontecendo entre nós dois.
– Eu senti sua falta. Digo de forma repentina mesmo
parecendo eu quis arriscar, mesmo dentro de mim sem forças e quis lutar essa
vez por nós dois.
– Você pode sempre contar comigo.
– Só isso? Eu só queria que você não tivesse decidido me deixar, mas não
adianta conversar e agora não é o momento.
Mais uma vez não conseguia entender o porque de não ficarmos com as pessoas que
gostamos, mas entendo o amor sozinho não sustenta a relação, mas a forma como o
relacionamento sustenta o amor, embora quando seja com a gente não parece fazer
sentido as vezes.
O médico entrou na sala olhando para a ficha em uma prancheta e olhamos juntos
para cima e o rosto dele, não acredito Theo trabalha aqui, é ele.
– Boa tarde senhoras e senhores!
– Boa tarde! Respondemos eu e o Heitor. – Se sente enjoada alguma coisa assim?
– Não...é me desculpa, se importa se eu perguntar? mas você é por acaso o Theo?
– Sou eu.
Nessa hora eu abro um sorriso.
– Você lembra de mim? Sorrio animada.
– Você é a...? Me desculpa. Ele coloca a mão na cabeça como se dissesse que a
culpa é da cabeça falha.
– A gente brincava na rua e uma vez quando choveu jogamos da água na chuva um no
outro, a gente também fazia guerrinhas de mamonas que pegávamos de um matagal,
lembra?
– Não acredito! Desirre? Tudo bom, minha querida? Quero dizer você está aqui no
hospital, né, mas tirando isso tudo bom? Ele sorri com seus largos sorrisos.
– Eu to bem! Sorrio pelo comentário – mas parece que essa é a única palavra que
sei dizer hoje, que eu to bem – Eu to com meus pais aqui na casa da prima
Elizete.
Enquanto isso Heitor ficava em silêncio observando.
– Bom... Seus exames Desirre deram os resultados todos bons.
– Mas então porque eu desmaiei?
– Me permite dizer com a presença da sua companhia?
– Sim, claro!
– Eu não sou psicólogo, mas é provável que você esteja
sofrendo com um carga emocional – Nessa hora Heitor olha para mim e eu me
arrependo de não ter tirado ele da sala. –
Precisa ser cuidada, pois acaba que seu corpo responde e pode ter
prejuízo devido a isso. Não sei o que aconteceu na sua vida, mas o que for que
aconteceu isso já passou agora temos que viver daqui pra gente. Considere isso.
Ta bom? Ele sorri de forma bondosa e olha para Heitor.
Ele parecia fazer as coisas parecessem tão praticas. Eu
olhava pra ele não acreditando. Que ironia eu estudante de psicologia não
sabendo lidar sozinha com tudo. Fico feliz de olhar para meu passado e estar de
um menino que sempre foi atencioso por estar diante de alguém que confiava. Ele
iria me examinar com o estetoscópio. Pediu licença sentiu ouviu meu batimentos
cardíacos por cima de meus vestimentas da qual ele pedia para eu respirar e
inspirar. Ai final disse que estava tudo bem e eu poderia ser liberada. Saio da
sala e encontro com a minha família.
Meu pai agradece a Heitor por ter vindo e minha mãe pede para ele ficar e
dormir, pois já estava noite e tarde. Eu ainda tive um fio de esperança que ele
ficasse, mas ele disse que precisava ir e que sua mãe estava esperando. Sei bem
que a mãe dele foi uma das pessoas que disse que eu não era para ele, assim
como a outra namorada dele, ela me contou a mesma coisa, acho que não foi
diferente dessa vez e é claro achou certo o que o filho dela tinha feito
comigo.
– Primeiro não precisava ter ligado para o Heitor, gente. Segundo sabiam que o
Theo ta trabalhando aqui?
– É mesmo? ah por isso Elizete deve ter indicado para virmos para cá e também
porque era o mais próximo. – Dizia minha mãe – Vamos pra casa?
Olhei para eles ainda com uma expressão um pouco chateada. Talvez ele tenha pensado que teria sido mais fácil ter me deixado porque não estava confiante em me fazer feliz. Mesmo sabendo que todos nós erramos o resultado reflete em tudo que fizemos. Depois dessa dor que senti aqui girou um chavezinha na minha cabeça. Desculpa eu não sinto mais o mesmo eu só quis poder tentar a ultima vez.
No
dia seguinte já a noite nos reunimos na sala e Elizete finalmente diz o que nos
esperava era uma notícia grande e que poderia mudar as nossas vidas. Ela tinha
mesmo essa mania de engrandecer as coisas. A notícia foi revelada de que meu
avô já falecido tinha deixado uma casa em nome de meu pai. Não sabíamos só
porque viemos saber agora, mas a notícia era essa. A notícia era boa, já que
morávamos de aluguel, mas só em pensar em voltar a morar aqui e agora longe da
minha faculdade, do meu trabalho e de Heitor.
Sai um pouco de casa para pegar um
ar e sento em uma cadeira de balanço que dava a visão para a rua. Vejo alguém
entrando no portão.
– Boa noite, doutor!
– Quanto tempo o e está melhor?
– Sim sim.
– Como vai a vida? Não conseguimos
conversar muito naquele dia.
– Tenho uma notícia. Vou morar aqui agora tudo indica que sim.
– Olha, por essa eu não esperava é uma notícia boa. – uma pausa dramática de silêncio – Eu vim entregar uma sacola da minha mãe para a
Elizete. Ela está em casa?
– Está sim, pode entrar.
– É impressão minha ou não achou uma boa notícia?
– Obvio que é uma ótima notícia estou verdadeiramente feliz por você estar de
volta.
Até que ele é um motivo bom, pensando bem esse lugar me traz nostalgia é bom
reviver a melhor época a de quando somos crianças e os problemas não existem e
se existisse nada era tão grande o bastante para acabar com alegria.
Dia
da mudança a casa era próxima a de Tho e sua mãe. Eles nos ajudaram com a
mudança. Consigo arrumar quase tudo durante o dia. Já a noite vou ao mercado
comprar algo prático para jantamos porquê estávamos sem poder fazer muitas
coisas na cozinha ainda. No caminho vindo ao longe vejo Theo vindo com sua
mochila nas costas.
– Theo, você está indo para casa?
– Eu sou médico, mas nos tempos livres sou uma pessoa que vai pra casa. Fala
Theo com sorriso cansado e fraco.
– Porque você ta diferente, metido? Cadê aquele caipira. Só
porque é um moreno alto, médico ficou metido? Eu sorrio.
– Preciso só de uma academia to magrelo.
Eu tenho um humor que quase ninguém entende, mas ele me entende. As pessoas que me conhecem, me conhecem no detalhe ali
que mora uma beleza peculiar que poucos conhecem e poucos permito conhecer.
Enquanto
estava andando no caminho de volta para casa eu sinto uma dor muito aguda na
cabeça e chego a sentar no meio-fio.
– Eu tenho que cantar
– O que?
– Eu sinto essa dor de vez ou outra ai sempre que canto me sinto melhor eu sei
que parece doideira.
Ele se abaixa até onde eu estava sentada.
– Não nada disso, canta pra mim.
Eu começo a cantar cuja a letra era “ fiquei com nó na garganta e no coração
uma dor de luto, mas parei de esperar suas mensagens todas as noites como
antes, fiquei sem chão e em choque e vergonha e pra abrir meu coração vai
demorar um pouco”
– Você canta muito mal sabia?. Ele dizia enquanto eu morria
de dor. – Ele senta no meio fio –
– As meninas sempre se entregam acabam se entregando mais que os homens, ou vise e versa, mas você não é a primeira nem a última a passar
por isso, pode acreditar já passei por isso. Isso vai passar.
– Não me entenda mal, mas você parece ser destemido, não
parece ter passado por isso.
– Era aquele rapaz que tava com você no hospital?
– Sim, mas nem foi a volta o cão arrependido, só veio por
pena, eu acho. Foi por um motivo bobo que ele terminou comigo. Ele tinha a
síndrome do Peter Pan na psicologia chamamos assim. Ele se envolveu, mas não se
comprometeu ele não priorizava a nossa relação e nem chegamos a brigar muito
bastou apenas uma para ele decidir e namoramos por poucos meses. Eu sei que
não posso ficar assim por alguém, mas foi inevitável saiu do meu controle,
tenho tentado. Eu vou ter que sair dessa sozinha por um tempo eu não
conseguirei ainda quero abrir meu coração de novo e passar por isso ou magoar alguém.
– Ahh,... é foi por isso?
– Sim. Todo mundo tem a mesma reação. Não sei se foi a verdade, mas isso não
importa mais. Me doi saber que nem consigo lembrar da alegria que sentia com ele.
A gente pensa que não terá ninguém mais perfeito mesmo a minha ex mandando um
abraço para o meu cachorro o Bisnaga e se importava com essas pequenas coisas
ela não é mais a mesma para mim. Sei que você pensava em alguém que nunca faria
isso com você e que desistisse de vocês tão facilmente. Por um tempo ainda vai ser difícil, mas depois de voar o mais difícil
é saber pousar em um lugar seguro pra chegar e fazer o seu lar. Sem que
desistam de você, nem dos dois, alguém que te ame com amor sincero, puro e
profundo, que te ame e ame ter por perto.
– Acho
que arriscamos e caímos do alto e paramos no fundo do poço, mas tudo bem
estamos aprendendo a voar.
Ele me ajuda a levantar do meio fio e segura a minha mão para me puxar
– Que mãozinhas delicadas.
Ele me puxa em um só impulso. Nos olhamos. A cena, que aqui parece lenta, durou
poucos minutos.
– Ta tudo bem ai?
– Ta sim...
só que ele ta perto demais de mim, você. – Pensei. Estremeci nos braços e quase podia ser palpável a sua
respiração de tão próximo que estávamos isso me assustou.
– Perdão te puxei forte para minha
direção.
– Ta tudo bem! –Sorrio um pouco sem jeito.
Ele me leva até a porta de casa.
– Obrigada por hoje, pelos conselhos você é o melhor.
– Pode parar chega de agradecer, eu que agradeço por sua companhia. Aliais onde
ela passa faz o palco dela de imaginação. Lembro que te via cantando,
brincando com as galinhas quando era criança. Você não mudou nada, ainda me fez
cantar junto para passar a dor. Espero que as duas dores sumam. Diz ele com uma
expressão afável.
Um ou dois dias se passaram e na terceira vez Theo parece ter arrumado um pretexto qualquer para voltar a falar. Ele bate na porta em um dia
que estava chovendo do lado de fora pedindo um guada-chuva até em casa.
Acanhada olho e ele percebe.
Eu peço pra ele ficar.
– Vem vamos entrar pode esperar até a chuva cessar um pouco.
– Seus pais estão ai?
– Foram ao super-mercado, mas eles te conhecem pode entrar. Vem, anda.
Ele tira os sapatos encharcados e deixa no tapete do lado de fora da porta.
Trago uma toalha e enxugo os seus cabelos como se ele fosse um cachorro gigante
molhado.
– Eu preciso de um abraço. Eu estava vendo um filme triste.
Ele sorrir
E me abraça forte e me arrependo, pois seu abraço era estranhamente confortante
que não queria mais sair de seu abraço.
– Quer ver um filme comigo? Eu fiz pipoca doce com leite em
pó e chocolate você precisa provar. – Digo isso enquanto procuro vasilhas para
dividir a pipoca – Você está mais quieto hoje aconteceu algo?
– Algumas coisas...
– Que coisas? Me dê exemplos...
– ah vc sabe... coisas do trabalho.
Começamos a assistir ao filme que era do gênero terror.
– Você chama isso de terror?
– Ain como você não consegue tapar os olhos?
– Já vi coisa pior no hospital...
– É..mas eu tenho medo.
Ele sorrir.
Olha para a foto que estava pendurada na parede.
– Pensei que gostasse
de cachorros quando mais nova você amava.
– Sim porque queria te um, mas na verdade tive medo ai meu
pai deu para alguém.
– Você é uma bebezona
mesmo.
– Eu sou. – Faço beicinho. –
Ele olha para mim como se achasse um mina de ouro nesse mundo.
– Tenho a impressão que fomos criados como primos, sou tão
sortuda por ter um amigo de infância.
Mas algo repentino acontecesse quando percebemos estávamos segurando
as mãos enquanto viamos o filme. Meus pais chegam e nos observam, mas sem antes que eles
perceberem nós tomamos a consciência e soltamos as mãos um do outro.
Ajudamos meus pais com as compras e logo a pós o filme
acabar levo Theo até o portão para acompanhar ele ir para casa.
– Bom descanso! Ele ainda fica parado me olhando
– Pode falar. – Eu digo encucada.
– Não, deixa para lá.
– Agora que vi seu cabelo está lindo!
– São seus olhos! –Sorrio–
– O meu e de todo
mundo, deixa eu te emprestar eles para se olhar no espelho e ver o que eu vejo.
– Agora fiquei vermelha. Não consigo ter uma resposta
rápida pras coisas que você diz talvez porque eu me importe muito.
– Você é o dobro do que sempre quis... pera isso não faz sentido eu sei.
Ele fecha os olhos balança a cabeça concordando.
– Ah, eu sou? Deixa eu tirar uma poeira do seu rosto.
– Sabe o que é? Desde que você veio para cá tudo voltou a
tona.
– Sobre o que?
– Eu não queria te pressionar, ou que se incomode com isso. Eu sei que você
passou por algo difícil eu quero ser seu apoio, é que toda vez que te vejo é
difícil conter minha alegria, cada vez cresce mais por você o meu sentimento eu
fiquei muito feliz de ter você de volta, pois eu sempre tive uma quedinha por
você quando éramos criança, você era a minha crush. Ele sorrir.
– Eu desconfiava, mas pensei que era coisa da minha cabeça. –
Digo envergonhada – Diante de tudo que me disse eu considero seus sentimentos
por mim algo lindo, mas... acho que eu preciso de um tempo sozinha para me
recuperar. Somente sozinha eu conseguirei. Pode demorar um pouco, mas por favor
só tenha um pouco de paciência um dia de cada. Eu pensei que nunca mais iria
amar novamente, mas vou te mostrar dia pós dia que tenho vontade de ficar mais
próxima de você.
Ele balança a cabeça consentindo com um sorriso em seus
olhos
Eu suspiro de alegria de poder passar a noite pensando nele.
– Talvez não seja o suficiente agora, mas você está entrando no meu coração.
Ele sorrir.
Alguns meses se passaram.
Na praia jogamos areia molhada um no outro. No parque eles passamos mal juntos. Ela diz que estava doente e eu cuido dele.
Com os lábios de encontros nos dele e o carinho que eles se fazem e cada toque mágico constitui em mim laços de ternura.
Nem sempre no processo vai aparecer alguém, mas no meio de tudo ele apareceu sendo o motivo de todos as outras tentativas não terem dado certo, porque era você todo esse tempo, sempre foi você.
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