O amendoim salgado e eu




Eu e o amendoim salgado, foi com quem ele me viu lutando para abrir um pacote enquanto comia sozinha, mas plena. Foi o dia que vi o foquinha, sempre achei seu rosto parecido, mas é um apelido que te chamo que você nem sabe que chamo.

Ao menos temos uma foto, duas ou mais juntos. Temos registros que nos conhecemos na juventude. Nunca pensei que os meus vinte e poucos anos seria assim.

Nos conhecíamos a anos apenas de vista. Até que sobre aquele dia eu ter batido a cabeça no teto do ônibus ao me sentar e ele disse “opa”, me perguntou se eu já tinha comido e insistiu. Depois perguntou se eu estava enjoada; logo eu tentei imitar uma voz engraçada tentando engrossar e você riu, pode ter sido para não me embaraçar em querer ser a mais divertida possível para você; conversa de bordo e se que queria descansar ou queria conversar. Depois se eu estava bem depois de um ocorrido acidente que postei e se importando em perguntar.

E agora ele estava ali andando pelo mesmo lugar que eu andei durante todos esses anos.

Ver ele depois desse tempo foi como um susto, igual quando a criança cai e os pais falam foi só um susto e não se machucou, só foi um susto. Tipo isso. Me sinto mais pronta a virar essa página na minha vida. Fiquei pensando na gente naquele ano atrás e nós dois agora e percebi que nos dois crescemos e mudamos apesar de não muito, mas sim, sabe? Mas achei bonita a minha forma de pensar na gente.

Gostei, mas eu não conheço seus medos, suas manias, seus defeitos, seus sonhos e agora ele parece mais sério e lá eu estava séria também, cheia de pose e comendo, elegantemente, um amendoim com casca, mas ele não parecia mais aquele alguém que conheci e que ele não era tão doce quanto penso e idealizo que ele seja. Agora sei que é melhor pra mim por mais que doesse ainda as vezes.

Ele não sabe do apelido com o nome dele, não sabe que me senti assim ao ve-lo, não sabe que sempre tinha alguma menina falando de você pra mim e eu escutava em silêncio guardando como um segredo e não sabe que naquele dia que se preocupou comigo me salvou quando eu estava sozinha e assustada.

Nesse dia da nossa última vez, digo isso, porque foi a última que o vejo com esse sentimento de me importar ainda. Só quero que da próxima vez eu não me sinta mais assim, nenhum respingo.

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